segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Praia

Não é que eu não gosto da praia, eu tenho mesmo pavor de praia. Todo mundo que eu via de roupa está de sunga com, na sua maioria, os corpos estranhos a mostra. E tem aquele tipo que malha o ano todo, e mesmo se por acaso, estiver chovendo e menos três graus, não coloca a camisa por nada, pelo simples gosto de dar na cara de quem é feio, magro e tem preguiça pra ser alguém melhor.
Eu sou branco cemitério, sabe? Aquele tipo que você acha que é cosplay do zé gotinha.
Na escola, eu pintava minha mãe com o lápis marrom, meu pai com o rosinha, e eu, eu não precisava me pintar, deixava cor da folha. Minha mãe não deu a luz, deu uma companhia elétrica inteira.
Eu morei na praia seis meses da minha vida, e até tentei pegar uma cor. Peguei a cor vermelha. Achei que não combinou muito com a cor dos meus olhos.
Na praia ainda tem calor, carro com som alto e música ruim, comida ruim, pernilongo, e na praia que eu vou, barro na água, parece um mar de cocô, se eu entro na água, pelo contraste, pareço um espermatozoide.
Eu uso óculos, não enxergo absolutamente nada sem eles. Entrar na água com eles não rola, primeira onda e eu perco a visão e um óculos de R$700,00. Ficar sem eles é como ser politico em Brasilia, você não enxerga nada nunca.
Peguei trauma de praia aos 9 anos. Estava eu com uma daquelas super pranchas de isopor, tentando pegar a onda perfeita e ser viril para as pequenas gatinhas da praia. Quando me percebi num daqueles episódios do Discovery, clamando pelo salva vidas. Ele veio correndo em minha direção, para delírio das tias da praia que viam seu belo corpo em ação, e eu nada másculo para as meninas que faziam belos castelos de arreia, chorava como uma criancinha de 9 anos.
A praia não gosta de mim, mas quando morrer quero ser cremado e jogado ao mar, pelo não tenho como ficar mais queimado do que já vou estar.


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